SUGESTÃO
Antes que venham ventos e te levem do peito o amor — este tão belo amor, que deu grandeza e graça à tua vida —, faze dele, agora, enquanto é tempo, uma cidade eterna — e nela habita. Uma cidade, sim. Edificada nas nuvens, não — no chão por onde vais, e alicerçada, fundo, nos teus dias, de jeito assim que dentro dela caiba o mundo inteiro: as árvores, as crianças, o mar e o sol, a noite e os passarinhos, e sobretudo caibas tu, inteiro: o que te suja, o que te transfigura, teus pecados mortais, tuas bravuras,tudo afinal o que te faz viver e mais o tudo que, vivendo, fazes. Ventos do mundo sopram; quando sopram, ai, vão varrendo, vão, vão carregando e desfazendo tudo o que de humano existe erguido e porventura grande, mas frágil, mas finito como as dores, porque ainda não ficando — qual bandeira feita de sangue, sonho, barro e cântico —no próprio coração da eternidade. Pois de cântico e barro, sonho e sangue,faze de teu amor uma cidade, agora, enquanto é tempo. Uma cidade onde possas can...